Ao destacarmos o comércio, queremos apresentar como ocorria a troca de valores ou produtos. Este gerou negócios de compra e venda, conforme a estrutura do meio. Ao escrevermos sobre o comércio, é necessário destacar o tema “dinheiro”. Este quase não existia. Poucas vezes era usado para realizar negócios. Pessoas ficavam adultas sem ter visto ou pego na mão qualquer tipo de dinheiro.
Isto era possível porque o comércio que existia era muito elementar. Quando as famílias faziam “negócios”, quem os fazia era o pai. Estes sempre ocorriam com trocas de produtos por produtos. Estes negócios ocorriam nas famílias, nas casas comerciais. Como o que produziam, no início do século, era o estritamente necessário, o que conseguiam, no máximo fazer, era negociar pequenas quantidades de produtos por outros necessários à manutenção. O dinheiro era difícil de circular. Assim, era normal negociar terra por animais, por produtos; até a década de 50, mesmo tendo ocorrido um progresso. Poucas eram as famílias que negociavam com dinheiro.
Nesta época, já existia nas famílias uma estrutura econômica boa. Cada família já produzia o necessário e muitas já tinham um excedente grande de produtos. Como todos produziam, não existia com quem comercializar. Nos anos seguintes, despertou o caminho da comercialização. Tudo que se produzia, tinha consumidor. As terras aumentaram de valor econômico, porque os produtos retirados da terra, podiam ser negociados. Aí surgiu a necessidade de mais terra para produzir mais. Os produtos da lavoura aumentaram de valor e aumentou a procura para negociar. Nos centros urbanos, houve crescimento populacional. Para estes, era necessário alimentos. A produção que sobrava, então não era negociada. Passa a ser toda comercializada. Surgem os comerciantes que compram e revendem, as famílias passam a ter uma vida mais humana, podendo produzir, comercializar, comprar o necessário e assim, a economizar. Neste momento histórico é que se inicia nas camadas sociais mais populares: a economia e a poupança.
Como muitas famílias produziam bastante, passaram a produzir mais, em função da procura de produtos, para serem consumidos. Tudo o que era produzido e não fosse reserva para a vivência do ano, as famílias passaram a vender. Este excedente de produtos passou a formar a reserva de capital. Esta passou a fazer parte da necessidade de investir em bens imóveis e móveis. O consumismo, “ideia capitalista”, passou a ser assumido por quase todos, esta deu início no meio ao processo de exploração da “oferta e da procura”.
O comércio, até a década de 1960, em Sertão, na época ainda distrito de Passo Fundo, tinha uma expansão muito restrita. Existiam núcleos, com casas comerciais. Estas ficavam distante das fontes de produção da matéria-prima (arroz, feijão, milho, trigo, porcos…); as vias de transporte eram outro fator que dificultava. Muitos produtores possuíam os produtos e não conseguiam fazer com que estes chegassem aos locais de consumo. Assim, os que tinham reservas econômicas, passaram a negociar diretamente… Os demais viram intermediários.
Neste início de comércio, merecem destaque “os atacadistas” desde 1950 a 80. Estes organizavam suas casas comerciais em pontos estratégicos. Criavam uma infraestrutura comercial que atendia a demanda das comunidades da região. As casas comerciais iniciavam com comércio limitado, mas logo tornaram-se famosas. Serviam como ponto de referência. Comercializavam madeiras, combustível ao vestuário, implementos agrícolas e produtos de veterinária. Estas casas comerciais oportunizavam o crescimento e o desenvolvimento da comunidade.
A participação/formação de comunidades quilombolas também ocorreu nesse município como forma não apenas de resistência mas também da criação de um outro modelo de sociedade.